domingo, 6 de abril de 2014

IV Domingo da Quaresma

Giotto

«Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: “Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pu­sestes?». Responderam-Lhe: “Vem ver, Senhor”. E Jesus chorou». (Jo. 11, 1- 45 extratos)

 Chora, porque eram amigos. E reza: “Pai, dou-te graças. Sempre me ouves”. Por fim, aproximando-se do sepulcro, brada: “Lázaro, sai para fora”.
É fortíssimo o grito de Jesus. Ainda podemos ouvir o seu eco. De pé, diante de uma existência sem futuro, de um corpo já em decomposição, Jesus chama, de novo, à vida: “sai para fora”. ‘Deixa o sepulcro onde te encontras, as trevas que te cobrem; larga a morte que te ata, o medo que te paralisa; levanta-te e anda. Vem à luz. Vai. Vive. 
Da morte à vida, esta é a grande passagem. Desde que nascemos. Para todos. Para cada um. Do medo à confiança. Da separação ao encontro. Da insensibilidade à atenção. Da frieza à ternura. Do ressentimento ao perdão. Da fraqueza do pecado à fortaleza da graça. Estranhamente, querendo a vida, ligamo-nos ao que nos traz a morte. Querendo o bem, fazemo-nos mal
Fazendo caminho connosco, Jesus faz-Se passagem, Ele, nossa Páscoa. Livremente, adianta-se e segue à frente. Dará tudo para que vivamos. Dará a própria vida. E, assim, vencerá todas as nossas mortes, enxugará todas as nossas lágrimas. Aceitará descer, ele próprio, a todos os sepulcros para que, quem está morto, reaprenda a viver e viva para sempre.  
Que esta Quaresma nos ensine o caminho de Jerusalém. E deixemo-nos morrer. A terra que somos será nova quando o milagre da vida irromper.

P. José Frazão, sj (adaptação)



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